quarta-feira, 4 de junho de 2014

Quando as vogais definem gênero e quando são vogais temáticas???



Desinência de Gênero e Vogal temática, como diferenciar...

O Post de hoje abordará um assunto que causa muitas dúvidas em nativos do Português Brasileiro (PB), bem como em aprendizes de PB como Segunda Língua e Língua Estrangeira (LE), que é diferenciar quando a terminação de um morfema tem desinência de gênero ou vogal temática. Segundo Henriques (2007), quando a vogal átona final de uma palavra é terminada em “a” e “o”, (em geral) esta palavra concordará em gênero com o artigo definido “o” ou “a”.

Ex:

 A linda menina

O lindo menino





Na tirinha acima, o substantivo “garotas” e o adjetivo “bonitinhas” apresentam desinência de gênero, uma vez que diferem do substantivo “garotos” e do adjetivo “bonitinhos”.


Alcântara (2010) propôs a existência de quatro classes formais pelas quais se distribuiriam os nomes não derivados em PB, caracterizadas pelas terminações vocálicas /a/, /e/, /o/ e /Ø/. A primeira classe formal é de palavras terminadas em vogal átona /o/, sendo a mais produtiva no português brasileiro. A segunda é de vocábulos terminados em /a/, sendo esta a segunda mais produtiva na língua em questão. A terceira é de vocábulos terminados em /e/ e a quarta classe formal é de palavras atemáticas /Ø/, representadas, graficamente, por consoantes nasais, semivogais em ditongo decrescentes finais e vogais em sílabas tônicas. Para Alcântara (2010), os elementos indicativos das classes formais se comportariam como autênticas vogais temáticas, seguindo a linha de Carvalho (1973), Kury & Oliveira (1986) e Bechara (1999).
Neste contexto, e segundo Corado (2002), palavras “masculinas” têm um sentido mais amplo, e abrangem uma grande maioria, ao contrário das palavras femininas que apresentam qualidades semânticas bem específicas para o público feminino.

Podemos visualizar tal pensamento nesta imagem, onde professor representa toda a classe de professores.
http://www.brasilescola.com/upload/e/dia%20do%20professor.jpg

No entanto, há palavras no português que, por exemplo, terminam com as vogais átonas “a”, “e”, “i” ou “o”, e que não marcam gênero, como por exemplo, “a mesa” ou em “a casa”, não é possível passar essas palavras para o masculino, nesses casos, os itens lexicais finais são considerados vogais temáticas, ou seja, vogal temática é a junção de uma vogal às desinências. Nos verbos, as terminações em “ar”, “er” e “ir” indicam qual conjugação o verbo pertence (1ª, 2ª ou 3ª pessoa).
Ex:
O guarda-roupa
O porta-malas
A chave
O jacaré

http://www.colegioweb.com.br/wp-content/uploads/2014/01/Morfologia.jpg
Na imagem acima há diversas palavras com vogais temáticas, ou seja, sem marcação de gênero.


Bom, espero que tenham compreendido melhor esse tema!!
Até a próxima!
Tatiany Carvalho!



Referências:
ALCÂNTARA, Cintia da Costa. As classes formais do português brasileiro. Letras de hoje, Porto Alegre, v. 45, n. 1, p. 5-15, jan/mar. 2010.

BECHARA, Evanildo. Moderna Gramática Portuguesa. Rio de Janeiro. Lucena, 1999.______. Moderna Gramática Portuguesa. São Paulo: Editora Nacional, 1982.

CORADO, Patrícia Ribeiro. A inexistência da flexão de gênero nos substantivos da língua portuguesa. SILVA. José Pereira da. (org.) Morfossintaxe da Língua Portuguesa. São Gonçalo–RJ: Cadernos de pós-graduação em língua portuguesa, n. 02, 2002.





 

segunda-feira, 5 de maio de 2014

O tal do morfema zero (Ø)....

Vamos falar de Morfema Zero (Ø)??

Segundo Kehdi (2008), existem algumas condições que devem estar presentes para que se possa admitir o morfema zero (Ø). Inicialmente, é necessário que o morfema Ø corresponda a um espaço vazio; a seguir, é preciso que esse espaço se oponha a um ou mais segmentos; finalmente, o morfema Ø deve exprimir uma noção que é peculiar à classe gramatical do vocábulo em questão.
 
O morfema zero acontece quando a palavra não possui uma letra para indicar a flexão.
 
Exemplo:




 
 Na tirinha, a palavra lápis contém um morfema zero.
 
A palavra não há marca indicativa de número, o que nos daria a noção de plural ou singular seria a presença de algum artigo ou o contexto da palavra. Percebemos que fora do contexto sentimos falta de um morfe, que indica se a palavra se refere ao plural ou singular.
 
Outro exemplo: a palavra amávamos e amava
 
A palavra amávamos temos a raiz, vogal temática, modo-temporal e sufixo número-pessoal. Já amava temos só o sufixo modo-temporal, que fora do contexto não sabemos se faz referência a primeira ou a terceira pessoa do singular.

Referências:

CAMARA J.r., Estrutura da língua Portuguesa. Petrópolis: Vozes, 1981.
PETTER, M. M. T. ";MORFOLOGIA". In: FIORIN, J. L (org) Introdução à linguística (vol. 
2). São Paulo: Contexto, 2005.

segunda-feira, 14 de abril de 2014

Tipologia Morfológica



Este blog tem como objetivo inicial fazer algumas reflexões sobre aspectos morfológicos e linguísticos das línguas modernas, uma vez que há muitas características que ainda precisam ser estudadas para que possamos discutir meios de usar este aprendizado em sala de aula.

Para que o leitor não fique confuso, em primeiro lugar, vamos definir o que é e o que estuda a morfologia??

A morfologia, em linhas gerais, estuda a forma interna da palavra. Ainda segundo o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa (2001), significa: estudo da forma, da configuração, da aparência externa da matéria. As línguas são constituídas de muitas palavras, nesse sentido, grandes estudiosos ao longo dos anos veem buscando compreender as línguas, e ao mesmo tempo comparar aspectos que são muito comuns em diferentes idiomas. Nessa primeira postagem, nos dedicaremos a mostrar, de forma simples, a tipologia morfológica reorganizada por August Schileicher (1821-1868), que postulou que as línguas se dividiram em três tipos. Aqui demonstraremos quatro tipos.


  • Isolantes: Nas línguas isolantes, as palavras são raízes, isto é,  as palavras não podem ser segmentadas em elementos menores, com informação gramatical e/ou significado lexical. Alguns exemplos de línguas isolantes são o Chinês e o Vietnamita.No Brasil, também há uma língua isolante, a língua Yuhup (indígena) com cerca de 80% das suas raízes morfológicas monossilábicas, também é uma língua tonal, porém não possui registro ortográfico.


  • Aglutinantes: Nas línguas aglutinantes, as palavras combinam raízes e afixos distintos para expressar as diferentes relações gramaticais. O Turco, o Japonês e o Húngaro são geralmente classificados como aglutinantes.


  • Flexionais: Nas línguas flexionais, as raízes se combinam a elementos gramaticais, que indicam a função das palavras e não podem ser segmentadas na base de um som e um significado, ou um afixo para cada significado gramatical, como nas línguas aglutinantes. Como exemplos de línguas flexionais temos o Russo, o Latim e o Grego antigo.


  • Polissintéticas: As línguas polissintéticas (ou incorporântes) fazem grande uso de afixos e frequentemente incorporam o que outras línguas expressariam por meio de nomes e advérbios a elementos que se assemelham a verbos. São identificadas como polissintéticas a língua Inuktitut (Irlanda) e algumas línguas indígenas americanas.

É importante ressaltar que nenhuma língua é exclusivamente isolante, aglutinante, flexional ou polissintética, o que acaba acontecendo é que a classificação de uma língua é baseada nos dados que formam a "maioria" das palavras, e por consequência, recebem uma classificação”x”.

No link que segue, vocês virão 2 tipos de língua diferentes, uma flexional (português) e outra isolantes (inglês), Boa Sorte - Good Luck, cantada pela cantora brasileira Vanessa da Mata e o cantor norte-americano Ben Harper. 

Na seguintecharge temos mais um exemplo de língua flexional!
imagem 1
Até a Próxima!!!

Escrito por:
Tatiany Carvalho e Grace Kelly Valeras.

Referências:



Tipologia Linguística - Línguas analíticas e Línguas sintéticas.
Disponível em: <http://www.filologia.org.br/soletras/11/11.pdf>

A ESCRITA DOS YUHUPDEH - O Registro Ortográfico de Uma Língua Indígena
do Alto Rio Negro.
Disponível em:  <http://www.revista.antropos.com.br/downloads/A%20Escrita%20dos%20Yuhupdeh%20-%20Artigo%20-%20C%E1cio%20e%20Elis%E2ngela%20Silva.pdf>

PETTER, M. M. T. “Morfologia”. In.: FIORIN, J. L. (org.) Introdução à linguística (vol. 2). São Paulo:Contexto, 2005.


Vídeo, disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=v4k6JgC7UVA>  

Imagem 1, disponível em: <http://vestibular.uol.com.br/album/2013/08/23/confira-dez-temas-importantes-de-espanhol-para-o-vestibular.htm#fotoNav=1>